sábado, 29 de agosto de 2009

São João Maria e a gruta milagrosa

Localizada no Vale do Rio Jordão e cercada por mistérios, a Gruta do Monge é atração turística de Guarapuava e região. Em seu interior há uma porção de objetos ofertados por pessoas que crêem no poder do monge São João Maria. Eles atribuem suas graças ou pedidos à fé que possuem neste profeta. Exemplo destes objetos são muletas, bengalas, terços, imagens sacras, fotografias, flores, entre outros. Há fiéis que se dirigem até a gruta para buscar alento e desabafar suas dores, tendo o monge como um confidente.
Esta gruta, construída em homenagem ao peregrino São João Maria, foi idealizada e pelo ex-prefeito de Guarapuava Nivaldo Krüger, ainda na década de 1970.
Segundo relatos, em uma de suas passagens por Guarapuava, o monge teria abençoado uma fonte de água que nascia ao pé de uma imbuia, no Vale do Rio Jordão. Quando o monge passava pela cidade, costumava acomodar-se exatamente neste local. Com o tempo, a árvore foi cortada, mas o olho d’água permaneceu. “Construí a capela em cima da fonte, correspondendo à crença popular de que o monge era, de fato, milagroso”, ressalta o ex-prefeito.
Muitas pessoas vão até o local para coletar a água “benta” do peregrino. Esta, utilizada como remédio para curar doenças ou feridas. Há crentes que se valem da água para realizar batizados. Nestes casos, durante a cerimônia, a figura do Padre é dispensada, pois acredita-se que São João Maria assume esse papel.
A dona-de-casa Josefa de Lara comenta que vai à gruta com freqüência para buscar a água que considera milagrosa. Ela também já participou de batizados realizados com este líquido e diz acreditar no poder do monge de curar doenças. “Sempre tomo um copo de água tirada da fonte. Sei que dessa forma estou cuidando da minha saúde”, salienta Josefa.
No município da Lapa, localizado no estado do Paraná, São João Maria também possui muitos devotos. Lá existe uma gruta natural dedicada à ele, bastante visitada, que se relaciona com suas passagens pelo local. O peregrino possui, também, uma legião de crentes em vários distritos dos três estados do sul do país.

O poder do Monge

São João Maria era um monge cristão de origem italiana, que levava uma vida peregrina e vivia de donativos das pessoas que acreditavam em sua santidade. Ele pregava o bem, atendia doentes e acreditava-se que era capaz de fazer milagres. Além disso, era identificado como um homem que caminhava de pés descalços, possuía uma barba longa e era bastante severo. O monge tinha por costume abençoar ou amaldiçoar o local por onde passava, conforme era recebido pelas pessoas.
Era comum que São João Maria abençoasse olhos d’água e fontes dos locais por onde caminhava. A estas águas é atribuído um caráter milagroso, de cura. A fonte localizada às margens do rio Jordão, em Guarapuava, é um exemplo disto.
Outro fato importante atribuído ao monge é a sua participação indireta na Guerra do Contestado. Este conflito aconteceu entre a população cabocla dos estados de Santa Catarina e Paraná e o governo estadual e federal. A questão girava em torno de uma região rica em madeira e erva-mate. Foi São João Maria que impulsionou o messianismo da população da época, o que mais tarde influenciou no decorrer dos conflitos. Mais dois monges participaram diretamente dessa guerra, ambos usando codinomes que remetiam ao primeiro: José Maria e José Maria de Santo Agustinho. “Estes eram falsos monges, que diziam ser a ressurreição de São João Maria para ganhar credibilidade diante do povo”, explica ainda Krüger.A morte do monge São João Maria foi oficialmente registrada em 1870, por historiadores. No entanto, devido ao misticismo em torno de sua figura, acredita-se que ele não morreu, e sim “desapareceu” na hora em que lhe foi conveniente.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Desagrado

Sou tempestade em pôr-do-sol
Arco-íris preto e branco
Furacão gentil e brando
Sou mar escuro sem farol

Sou cachoeira longe do rio
Nuvem cinza em lua cheia
Meio-dia e noite inteira
Sou sabiá sem assobio

Sou a espera sem saudade
Mortal na imortalidade
Sou carnaval sem som, nem cor

Sou do tempo, um intervalo
A cegueira em Frida Kahlo
Sou a vida sem amor

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vão


Meus pensamentos andam literários demais. Eu gosto mais do teatral. Das imagens sendo reproduzidas na minha mente sem que eu precise inventar a projeção dos personagens. De sentir o cheiro dos sonhos. De ouvir as palavras. De olhar nos olhos.
Literatura só é bom pra aprender, distrair e complementar. Quero mais do teatro, que venha para me completar. Quero o silêncio alto das cenas marcantes e dos sorrisos sinceros. Quero cores. Formas. Sentidos. Sentido...
Tenho pensado em muitas frases, muitas palavras, muitas idéias. Estou cheia de parágrafos, vírgulas e pontos. Quero mais falas, mais fatos. Quero a emoção de uma página em branco. Um novo capítulo.
Estou farta deste amontoado de letras limitadas a um ponto final. Quero do teatro as cores e a emoção. E quero da literatura a eternidade. Quero sonhar de olhos abertos.

Sinto falta dos sonhos reais...

Quero menos noite, menos chuva, menos frio e menos nada. Quero tudo sem precisar de nada. Quero ir mais longe para estar mais perto. Preciso sentir o vento em meus pensamentos, o gosto doce dos beijos e a voz branda do amor...
Quero a vida que caiba num livro, a paixão que exceda uma cena de teatro e o amor que dure além de uma poesia.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Jamil e seu pesqueiro no Jardim

No Pesqueiro do Jamil, não tem tempo ruim. Jamil José Pereira, proprietário do local, mantém este pesque-pague há oito anos e dali tira o sustento da sua família. Sempre com um sorriso estampado no rosto, ele conta que seu pesqueiro é conhecido em todo bairro Jardim das Américas, um dos mais carentes da cidade de Guarapuava, no Paraná.

Na alta temporada, que acontece durante o verão, o movimento é considerável. Pessoas de toda a cidade freqüentam o pesque-pague, em especial os moradores do bairro. Jamil comenta que a concorrência na região é bastante significativa. “Há muitos pesqueiros distribuídos pela cidade, mas sempre vem clientes aqui. Para ajudar no sustento, minha família também recebe ajuda do governo Lula”, ressalta.

Já no inverno, o movimento é menor. Alguns peixes, principalmente tilápias, não resistem a baixas temperaturas e Jamil os congela para vender as carnes, ali mesmo no local. Assim, segundo ele, não há tanto prejuízo.

O Pesqueiro do Jamil conta com dois tanques, um de maior e um de menor porte. Nos meses de maior movimento, há cerca de 1300 peixes disponíveis para a pesca, como, por exemplo, carpas e tilápias. E para os pais que querem ir até lá em companhia de suas crianças, é um local bastante agradável, com uma área grande de gramado e até mesmo um balanço.

Jamil, que possui 58 anos de idade, fundou o local em 2001. Antes de construir o pesqueiro, ele trabalhou em uma oficina por muitos anos e se aposentou. Então, decidiu abrir seu próprio negócio. Para tal, resolveu unir o útil ao agradável, já que sempre gostou de pescar. “Sempre recebo clientes e amigos aqui. Eles vêm para assar carne na churrasqueira e jogar conversa fora”, comenta o proprietário. Ele, que é morador do bairro Jardim das Américas, é um exemplo das soluções encontradas pelas pessoas para garantir uma vida melhor, mesmo diante de um cenário de contrastes sociais.

sábado, 1 de agosto de 2009

Carta Infundada

Não te olho nos olhos por medo de transparecer meu sentimento oculto, ao mesmo tempo resplandecente. Evito tua alma por medo de deixar que perceba o quão é especial e único. Restrinjo minha fala para não te deixar ver em minhas palavras um "eu te amo" subentendido.
Eu me perco longe de ti, sinto falta de mim mesma. Meu espírito voa longe, cai no mundo dos sonhos, em que eu sou verdade, em que nós somos um só. Bendito mundo esse, o qual adoça minha essência mais amarga, apenas por poder te sentir, beijar-te em poesia.
Não te culpo por relevar, distrair-se. Sei que acredita que o amor não se pôs em mim, não está em nós. Esse amor tão puro que procuras, está nos olhos de quem quer vê-lo, amor. Quem sabe tu queiras, porquanto não possas. Embora tão triste, prometo esperar. Tu sabes, tempo é invenção. Eu sou eterna, mas amor também é e eu estarei aqui, mergulhada num mundo longe e perto, vivendo em ti, sem tê-lo. Prefiro ser um sonho vivo a viver uma realidade em que o amor fora morto por motivos fúteis. Sonho, este, que enaltece a alma.
É maior que pensas, digno demais pra ti que me fizeste sofrer. Mas mesmo assim o preservo estagno dentro de mim. Tu és ainda parte do que me faz forte. Enquanto estiveres aqui tão vivo quanto eu, meu amor estará nas mesmas dimensões, numa espera paciente. Deixo as janelas abertas para que possa entrar, meu amor.