terça-feira, 19 de novembro de 2013

Qualquer

Te amo aqui

Sol
Te amo cá
Si
Mim
Te amo em frente
Agora
E ré
Te amo
Em qualquer tom
Cor, pessoa
E lugar

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Esse é nosso

com você
o pra sempre
nem parece
tanto tempo

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Tubos que (tele)transportam*

As estações-tubo de Curitiba podem ser mais do que lugares de chegada ou partida. O entorno de algumas pode levar a lugares, pessoas ou situações que valem um olhar desapressado. Neste texto, apresento algumas delas na linha sentido terminal Santa Cândida - Capão Raso

Um tubo em forma de aquário, que se projeta em tom de azul cristalino num desenho quase futurista, revelando uma cidade que espera para ser consumida. Tubo que transporta, como em filmes de ficção científica, até novos mundos a serem explorados, seja por velhos conhecidos da cidade ou visitantes. Mas para onde esses tubos – rotineiros e, ao mesmo tempo, surpreendentes – podem, afinal, (tele)transportar?

Na estação-tubo Eufrásio Correia, os filtros de sonho pendurados na calçada alguns metros à frente anunciam a chegada em um pequeno universo autônomo, desconexo ao entorno. Os artesãos que fazem dali seu espaço de criação, trabalho e partilha, convivem em harmonia. O resultado disso é a diversidade de impressões em cada trabalho artesanal, capaz de provocar um sutil desvio no olhar até dos mais apressados. Nair Cardoso (Janis, para os amigos), cria e expõe ao lado do tubo. Os seus 50 anos de idade e 36 como artesã lhe renderam o título de “mãe” para muitos dos que convivem ou passam pelo local. Mulher ativa e de opiniões fortes, criou os filhos com o trabalho artesanal. Está em Curitiba há cinco anos, mas já viajou por todos os países da fronteira, mantendo-se com a arte que produz. Embora o preconceito seja motivo de tristeza, ela é convicta em afirmar que não mudaria seu estilo de vida. “As pessoas são tão inconscientes que, às vezes, vem pedir droga, como se eu fosse traficante. Eu trafico arte, é isso que eu faço. Mas não trocaria a vida que levo, jamais. Essa é minha história”. E, para os que levam alguma peça para casa, levam, também, um pedaço da história dela.

Janis: "trafico arte"

Uma estação à frente, no tubo Estação Central, a descoberta começa com o intenso movimento de pessoas e mundos que se cruzam em uma órbita precisa na rua XV de Novembro. O comércio convida os curitibanos e visitantes a consumir produtos de infinitas naturezas, enquanto diálogos se confundem e se completam no trajeto. Ao descer do tubo, além do movimento da XV, depara-se com a arte horizontal entre as esquinas. Em contraponto ao cenário estático dos edifícios, o céu desliza suave, em nuvens brancas ou cor de chuva. A arquitetura dos prédios modernos contrasta com o desenho clássico do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná.

Em seguida, na estação-tubo Passeio Público, a sensação de teletransporte é ainda mais completa. O canto emblemático das aves exóticas, as pontes em forma de arco – como nos contos de fadas –, os balões de gás coloridos amarrados ao carrinho de pipoca e as árvores ao redor dos riachos, transmitem sensações diversas, quase sempre associadas à paz. Por isso o parque, homônimo ao tubo, atrai pessoas de distintas personalidades e idades, como Vinícius Rodrigues e seu grupo de amigos, residentes em Almirante Tamandaré. A definição do Passeio Público, para eles, é de um local “sossegado”. Quem sugeriu a visita ao parque foi Vinicius, de 15 anos, que sempre vai ao local com a família. O grupo, que costuma iniciar e encerrar o passeio no shopping, naquele dia optou por aproveitar o pedacinho de natureza encantada no centro de Curitiba.

E, para finalizar o passeio pela linha, aos amantes de boa música, há uma sinfonia de pássaros nas árvores logo em frente da estação-tubo Constantino Marochi, especialmente por volta das cinco da tarde dos dias de sol (ou, ao menos, sem chuva).

*íntegra da reportagem autoral publicada no site do jornal Gazeta do Povo em março deste ano

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Rotina

Decorar as paredes da sala
Quadros simétricos e coloridos
Bandas inglesas e americanas
Ao lado da estante, com nossos livros

Abrir a janela do quarto
Pra ver o sol se espalhar
Bem cedinho (ao meio dia)
Hora da gente acordar

Ver filme no sofá de couro
Brigadeiro pra engordar
E roçar meus pés nos seus
De meia, pra esquentar

Discutir as notícias do dia
Assistir ao jornal da madrugada
Reclamar dos rebeldes sem causa
Depois um filme bobo, pra dar risada

Ver você nos domingos
Sábados, quintas e terças-feiras
Depois de ter visto quarta, sexta
E também na segunda-feira

domingo, 6 de outubro de 2013

Esse é seu

Talvez você veja hoje
Talvez amanhã
Quem sabe nem veja
Mas sei que teu coração sente
Mesmo sem ver
Sente perto, mesmo longe
Na distância de um continente
Mas com profundidade de um oceano
E a saudade que faz de cada dia a mais
Um a menos
Pra te fazer ver e sentir todos os dias
O que inspira cada um desses poemas

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Fuso

O seu sol nasce mais cedo que o meu
Esquenta ao meio dia em outro ponto
Se põe num horizonte mais distante
E renasce quando ainda há estrelas no meu mundo
Mas mesmo te vendo antes e a mim, depois
Esse sol ainda é o mesmo que aquece a nós dois

domingo, 11 de agosto de 2013

De mudança

Se eu pudesse viajar nos dias, alterar os fatos, reorganizar atitudes
Se eu pudesse desfazer a noite, realinhar as falas, reconstruir os passos
Se eu pudesse apagar os movimentos, destruir as lembranças, afastar as dores
Se eu pudesse reorganizar as sensações, repelir inspirações, apagar os poemas
Se eu pudesse mudar tudo, tudo, tudo mesmo
Eu não mudaria nada

domingo, 28 de julho de 2013

Das cartas que nunca enviei

01
A saudade morreu jovem, nem chegou a crescer. Já veio outra mais intensa e difícil de reprimir. Uma saudade boa, mas que dá medo... Medo que se torne eterna, sem nem sequer se fazer ausente. As coisas boas e simples já me trazem essa saudade. Desde a lua alta dos fins de semana, até a luta do lençol pra pousar na cama, porque seria bom deixam essa saudade morrer ali. Saudade é boa quando tem hora pra acabar. Mas nem sei do nosso tempo, da nossa hora. Por enquanto alimento essa saudade, mesmo sem querer.

02
Quero dar o meu melhor. Mas até o meu melhor parece pouco pra tanta intensidade. Vai ver eu sou vazia e nunca parei pra me reparar e me preencher. Você seria uma ótima forma de preenchimento. Mas quem sabe se encha do meu vazio antes disso acontecer...

03
Eu queria poder retribuir o tanto que você tem pra me ensinar e me mostrar. Mas eu sou tão crua... Não vi nada ainda. Nem vivi. Com você ao meu lado seria uma boa chance pra começar.

04
Eu quero ser a sua escolha... Eu tenho um universo lindo pra te fazer conhecer. Todo aqui, dentro de mim.

05
Estou muito ansiosa pra começar uma história que teve um prefácio conturbado. Mas prefácios não são a essência dos livros. O que vale são os capítulos, um a um, que podemos escrever a quatro mãos daqui pra frente...

06
Já nem sei mais como pensar. Conviver com a espera e o futuro em utopia passou a ser um hábito. Tudo que pra você é complicado demais, pra mim paira na simplicidade. É dolorido se sentir à mercê de uma escolha alheia. Principalmente porque os ventos, ou toda essa tempestade, correm contra mim. E o pior é saber que é isso que te deixa cada dia mais vivo dentro de mim...

07
Eu não quero mais que nenhum dos nossos beijos tenham gosto de último. Quero beijos com gosto de amanhã. E depois... e depois... e depois...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Poupança

Vivi você como a minha própria vida
Senti você como o meu próprio sangue
Toquei você como o meu próprio corpo
Amei você além da minha própria vontade
Guardei teu cheiro, teu toque e teu gosto como num cofre
E paguei tudo isso numa moeda cara
A saudade

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Dias de paz

Tem dias que a vida chega mais forte
Dias em que nem o sonho entorpece
Que a realidade anula qualquer lirismo
Que os pés se firmam como cimento no chão

Ainda bem que todo dia vira noite
Pra escurecer a tristeza
E da noite, vem outro dia
Pra iluminar incertezas e aquecer esperanças

domingo, 27 de janeiro de 2013

Cego

Te vejo nas minhas projeções de futuros próximos. Te vejo entre as paredes da sua casa, da sua vida, da sua rotina, que mal conheço. Te vejo em qualquer sinal de esperança. Te vejo nas paixões fugazes e nos amores eternos. Te vejo nas desilusões. Te vejo em sorrisos e prantos. Te vejo em planos presentes. Te vejo em desejos, vontades, necessidades. Te vejo sem te olhar. Te vejo apenas dentro de mim mesma. Te vejo longe, mas sinto perto. Te sinto intenso. Te intensifico cada dia mais, mesmo sem querer.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Tão

Tu és tão presente
És tão incoerente
Tão latente

Tu és tão passado
És tão fragmentado
Tão atado

Tu és tão frio
És tão arredio
Tão vazio

Tu és tão impulsivo
És tão agressivo
Tão nocivo

Tu és tão saudade
És tão duplicidade
Tão intensidade

Tu és tão rotina
És tão meu dia
Tão energia

Tu és tão breu
És tão meu
Tão...
Eu