quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

17 anos

Hoje achei o texto que fiz pro meu discurso de formatura no Ensino Médio.
E muita coisa que se aplicava a minha vida com 17 anos continua valendo agora, com 23 (quase 24).

Quando criança, eu ouvia histórias de guerreiros em seus cavalos brancos alados. Aprendia que se João tinha oito maças e comia uma, ficava com sete. Entendia que as plantas precisavam de chuva para viver e que esta também era de extrema importância para os seres humanos. Observava o arco-íris e almejava tocá-lo, deslumbrada por sua magia colorida. Hoje eu sei que os verdadeiros guerreiros não possuem cavalos mágicos. Sei também que a matemática é muito mais complicada do que eu poderia sequer imaginar. Entendo que as plantas também precisam de sol e que as cores do arco-íris são meras manifestações ópticas. Tive a chance de um bom estudo, que muitos não têm. Aprendi e cresci muito dentro da minha liberdade.
No entanto, não posso ser leviana a ponto de supor que nós, por sermos jovens, cheios de saúde e bem-educados, nunca tenhamos passado por dificuldades e decepções. Talento e inteligência, infelizmente, não são capazes de nos tornar imunes aos descasos da vida e estou certa de que a de ninguém aqui tenha sido de alegria ininterrupta.
Este ano foi a maior prova de superação que pudemos dar a nós mesmos e as pessoas ao nosso redor. Estamos, agora, dando o último passo neste caminho que esteve repleto de rosas e espinhos. Fomos motivados tanto pelo medo de fracassar quanto pelo desejo de vencer. Esta parte de nossa história se completa por uma sucessão de vitórias e derrotas. E, sem dúvidas, isto nos ajudou a crescer, construir nosso caráter e nos tornamos quem somos hoje, aqui e agora.
Mas, afinal, quem somos nós? Somos nossas lembranças, nossas lágrimas e sorrisos. Somos a sinceridade dos amigos que fizemos e dos amores que vivemos. Somos a dor pelas vezes que fracassamos e a euforia dos momentos de glória. Somos os nuances de nosso humor e a capacidade de enfrentar os desafios. Somos o desejo de independência e a dependência do amor. Somos o despertar das manhãs com o jovem brilho do sol que vimos nascer tantas vezes e que fazia nascer também nossa esperança de um futuro promissor, embora incerto. Somos guerreiros incansáveis na luta pelos nossos ideais. Somos o conhecimento que adquirimos mediante livros e aulas aparentemente intermináveis, mas que valeram a pena. Somos os meninos e meninas, os homens e mulheres, as noites e os dias. Somos todos mundos a parte, cada qual com sua essência e seus anseios.
Hoje, aqui, somos os formandos do Colégio Lobo que se completam por aquilo que fizeram, sentiram e sonharam.

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