E muita coisa que se aplicava a minha vida com 17 anos continua valendo agora, com 23 (quase 24).
Quando criança, eu ouvia histórias de guerreiros em seus
cavalos brancos alados. Aprendia que se João tinha oito maças e comia uma,
ficava com sete. Entendia que as plantas precisavam de chuva para viver e que
esta também era de extrema importância para os seres humanos. Observava o
arco-íris e almejava tocá-lo, deslumbrada por sua magia colorida. Hoje eu sei
que os verdadeiros guerreiros não possuem cavalos mágicos. Sei também que a
matemática é muito mais complicada do que eu poderia sequer imaginar. Entendo
que as plantas também precisam de sol e que as cores do arco-íris são meras
manifestações ópticas. Tive a chance de um bom estudo, que muitos não têm.
Aprendi e cresci muito dentro da minha liberdade.
No entanto, não posso ser leviana a ponto de supor que nós,
por sermos jovens, cheios de saúde e bem-educados, nunca tenhamos passado por
dificuldades e decepções. Talento e inteligência, infelizmente, não são capazes
de nos tornar imunes aos descasos da vida e estou certa de que a de ninguém
aqui tenha sido de alegria ininterrupta.
Este ano foi a maior prova de superação que pudemos dar a
nós mesmos e as pessoas ao nosso redor. Estamos, agora, dando o último passo
neste caminho que esteve repleto de rosas e espinhos. Fomos motivados tanto
pelo medo de fracassar quanto pelo desejo de vencer. Esta parte de nossa
história se completa por uma sucessão de vitórias e derrotas. E, sem dúvidas,
isto nos ajudou a crescer, construir nosso caráter e nos tornamos quem somos
hoje, aqui e agora.
Mas, afinal, quem somos nós? Somos nossas lembranças, nossas
lágrimas e sorrisos. Somos a sinceridade dos amigos que fizemos e dos amores
que vivemos. Somos a dor pelas vezes que fracassamos e a euforia dos momentos
de glória. Somos os nuances de nosso humor e a capacidade de enfrentar os
desafios. Somos o desejo de independência e a dependência do amor. Somos o
despertar das manhãs com o jovem brilho do sol que vimos nascer tantas vezes e
que fazia nascer também nossa esperança de um futuro promissor, embora incerto.
Somos guerreiros incansáveis na luta pelos nossos ideais. Somos o conhecimento
que adquirimos mediante livros e aulas aparentemente intermináveis, mas que
valeram a pena. Somos os meninos e meninas, os homens e mulheres, as noites e
os dias. Somos todos mundos a parte, cada qual com sua essência e seus anseios.
Hoje, aqui, somos os formandos do Colégio Lobo que se
completam por aquilo que fizeram, sentiram e sonharam.
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